Jornal do Brasil
Claudia Costin
A divulgação dos resultados da Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo da alfabetização) evidenciou que as crianças brasileiras de 3º ano do ensino fundamental têm desempenho deficiente tanto em leitura quanto em escrita. Isto certamente explica dois fenômenos associados: a elevada retenção e a presença de grande número de analfabetos funcionais nas escolas.
Estas crianças, ao não terem seu problema de aprendizado resolvido, acumulam fracassos que, no limite, acarretam o abandono escolar ou o desinteresse pelo conteúdo das aulas. Na verdade, as causas que levam a criança a não aprender não costumam ser enfrentadas.
Para mudar este triste quadro, é necessário um projeto de intervenção integrado que ajude a, por um lado, realfabetizar este exército de analfabetos funcionais que a escola hoje produz e, por outro, assegurar uma boa alfabetização inicial para todas as crianças. É este projeto que estamos implantando, há quase três anos, na rede municipal carioca. Ao chegar aqui, constatei que contávamos com 28 mil analfabetos funcionais no 4º, no 5º e no 6º anos. Estas crianças foram passando para a frente, e suas dificuldades não eram superadas, não eram avaliadas de forma sistemática, não havia reforço escolar, em suma, não aprendiam a ler e a escrever.
A primeira iniciativa foi reforçar a alfabetização inicial, fornecendo materiais de apoio ao professor, e oferecer uma capacitação intensiva para cerca de 3 mil professores de 1º e 2º anos. Estabelecemos uma meta clara: conseguir alfabetizar todas as crianças no 1º ano, além de uma estratégia centrada em três eixos: capacitar constantemente, garantir supervisão pedagógica e avaliar cada passo, para dar informações mais precisas ao professor, ao gestor escolar e à rede.
Assim, realizamos três avaliações para assegurar que o professor tenha uma visão clara de sua turma: uma diagnose inicial, para que ele saiba em que estágio de letramento o aluno chega a ele no início do 1º ano; uma segunda avaliação no meio do ano, para que possa acompanhar os avanços e corrigir o rumo; e, no final do ano, uma avaliação externa, a prova AlfabetizaRio, para informar ao professor, à escola e à rede se foi possível alfabetizar a todos. Junto com estes dados, sabe-se a cada etapa o nome das crianças que necessitam de reforço escolar mais intensivo. Ninguém pode ficar invisível!
A segunda ação importante frente ao quadro encontrado foi a de realfabetizar praticamente todos os analfabetos funcionais de 4º a 6º ano, encontrados no início de 2009. Os professores receberam capacitação e instrumentos necessários para ensinar a ler e a escrever estas crianças, muitas delas com séria defasagem idade-série. O resultado foi impressionante: os alunos conseguiram prosseguir sua trajetória educacional, com seu problema resolvido.
Recebi no meu gabinete há cerca de um mês as dez professoras alfabetizadoras de 1º ano que obtiveram os melhores resultados no AlfabetizaRio. Perguntei-lhes sobre suas estratégias. Adotaram diferentes metodologias e recursos (para além do livro didático e dos materiais que lhes fornecemos), mas um aspecto estava presente nas práticas de todas: enxergar cada aluno e entender que seu papel não era apenas o de dar aulas para o conjunto da classe, mas assegurar que cada um aprendesse.
Claudia Costin é Secretária de Educação do Município do Rio de Janeiro
A divulgação dos resultados da Prova ABC (Avaliação Brasileira do Final do Ciclo da alfabetização) evidenciou que as crianças brasileiras de 3º ano do ensino fundamental têm desempenho deficiente tanto em leitura quanto em escrita. Isto certamente explica dois fenômenos associados: a elevada retenção e a presença de grande número de analfabetos funcionais nas escolas.
Estas crianças, ao não terem seu problema de aprendizado resolvido, acumulam fracassos que, no limite, acarretam o abandono escolar ou o desinteresse pelo conteúdo das aulas. Na verdade, as causas que levam a criança a não aprender não costumam ser enfrentadas.
Para mudar este triste quadro, é necessário um projeto de intervenção integrado que ajude a, por um lado, realfabetizar este exército de analfabetos funcionais que a escola hoje produz e, por outro, assegurar uma boa alfabetização inicial para todas as crianças. É este projeto que estamos implantando, há quase três anos, na rede municipal carioca. Ao chegar aqui, constatei que contávamos com 28 mil analfabetos funcionais no 4º, no 5º e no 6º anos. Estas crianças foram passando para a frente, e suas dificuldades não eram superadas, não eram avaliadas de forma sistemática, não havia reforço escolar, em suma, não aprendiam a ler e a escrever.
A primeira iniciativa foi reforçar a alfabetização inicial, fornecendo materiais de apoio ao professor, e oferecer uma capacitação intensiva para cerca de 3 mil professores de 1º e 2º anos. Estabelecemos uma meta clara: conseguir alfabetizar todas as crianças no 1º ano, além de uma estratégia centrada em três eixos: capacitar constantemente, garantir supervisão pedagógica e avaliar cada passo, para dar informações mais precisas ao professor, ao gestor escolar e à rede.
Assim, realizamos três avaliações para assegurar que o professor tenha uma visão clara de sua turma: uma diagnose inicial, para que ele saiba em que estágio de letramento o aluno chega a ele no início do 1º ano; uma segunda avaliação no meio do ano, para que possa acompanhar os avanços e corrigir o rumo; e, no final do ano, uma avaliação externa, a prova AlfabetizaRio, para informar ao professor, à escola e à rede se foi possível alfabetizar a todos. Junto com estes dados, sabe-se a cada etapa o nome das crianças que necessitam de reforço escolar mais intensivo. Ninguém pode ficar invisível!
A segunda ação importante frente ao quadro encontrado foi a de realfabetizar praticamente todos os analfabetos funcionais de 4º a 6º ano, encontrados no início de 2009. Os professores receberam capacitação e instrumentos necessários para ensinar a ler e a escrever estas crianças, muitas delas com séria defasagem idade-série. O resultado foi impressionante: os alunos conseguiram prosseguir sua trajetória educacional, com seu problema resolvido.
Recebi no meu gabinete há cerca de um mês as dez professoras alfabetizadoras de 1º ano que obtiveram os melhores resultados no AlfabetizaRio. Perguntei-lhes sobre suas estratégias. Adotaram diferentes metodologias e recursos (para além do livro didático e dos materiais que lhes fornecemos), mas um aspecto estava presente nas práticas de todas: enxergar cada aluno e entender que seu papel não era apenas o de dar aulas para o conjunto da classe, mas assegurar que cada um aprendesse.
Claudia Costin é Secretária de Educação do Município do Rio de Janeiro
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